terça-feira, 30 de novembro de 2010

Basta Paul McCartney



Texto publicado no Jornal Diário de Sorocaba do Domingo, 28 de novembro de 2010.

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Tarde de segunda-feira (22). Vou comprar capa de chuva, pois chove bastante desde a manhã. Não é um dia qualquer. À noite, pela primeira vez, verei pessoalmente o compositor mais bem sucedido da história da música pop mundial, Paul McCartney.

O motivo da minha ida ao show? Paul e cia. são responsáveis pelo padrão estético de tudo que foi produzido pelos músicos de rock que vieram depois. Acho suficiente para querer conferir o som do inglês. Talvez sua última visita ao Brasil.

Voltando à compra da capa de chuva, pergunto pela vestimenta a duas vendedoras que parecem ser mãe e filha. Quando explico o que farei naquela noite (ir ao show do Paul), ouço um inusitado “ahhh... Quem?”. Respondo: “Ele era dos Beatles, está no Brasil e fez um show no Morumbi que passou ontem na TV”. Uma delas, ainda adolescente, pergunta: “Um loiro? Dos Estados Unidos?”.

A curta conversa com as vendedoras me faz refletir: como pode alguém nun
ca ter ouvido falar em Paul McCartney, um dos maiores nomes da história da música? Enfim, compro minha capa de chuva sem mais questionamentos.

Chego ao Morumbi faltando uma hora para o show, e me deparo com fila, vendedores e a inevitável ansiedade. Observo a amplitude e diversidade do público. “Capa, capa, capa...”, repetem os incessantes vendedores de capa de chuva. A fila não anda, mas o tempo voa. Na hora marcada consigo me aproximar do portão e ouvir o agito do público - ele já está no palco e eu passando pela revista! Por sorte, Paul só começa a cantar a primeira quando eu já estava dentro do estádio: era “Magical Mistery Tour”. Respiro aliviado, consegui!

O palco é imenso, com 26 metros de altura. Dois telões gigantes mostram imagens do beatle. Vencido o complicado desafio de encontrar um lugar menos tumultuado, Paul já terminara de cantar “Jet” e brinca com o público: “Tudo bem? Tudo bem in the rain? Tudo bem in the rain?”, misturando português e inglês. Ele cita Jorge Ben Jor - “Chove chuva” – e em seguida ataca um dos maiores sucessos do quarteto inglês: “All My Loving”.

É quando me junto às vozes dos cerca de 64 mil presentes e finalmente começa, de fato, o show para mim. O som dos metais de “Go to get you into my life” vai direto na alma - muito embora não seja reproduzido por metais de verdade, mas pelo teclado de Paul “Wix” Wickens. Talvez minha única decepção. Um mega astro da música não poderia levar um saxofonista, um trompetista e um trombonista em sua turnê?

Reclamações à parte, segue o baile. E que baile! São 3 horas de sucessos mundiais indiscutíveis: “I'm looking through you”, “Something”, “Band on the run”, “Paperback writer”, “Day Tripper”, “Get Back”. Sir McCartney emociona com “The long and winding road”, “Blackbird”, “Here Today” (para seu amigo John Lennon), entre outras. Em “Live and let die”, um espetáculo de fogos de artifício impressiona e ilumina o estádio. Tem música para pular, gritar, dançar, pensar, sorrir, chorar...

Ao anunciar “My Love”, feita para sua falecida esposa Linda, Paul dedica a canção também aos namorados que o prestigiam. Aproveito o clima de romance para ficar abraçadinho com a minha esposa. Começa “Ob-la-di Ob-la-da” e lembro da minha filha de um ano e meio que ficou em casa e adora quando esta música toca no carro. O show é uma viagem por todas as sensações - mesmo com muitos sucessos de fora!

Paul McCartney não compôs simples músicas, algumas delas são obras primas. É por isso que ele é uma das personalidades mais importantes do século XX. E presenciar a execução de criações de arte tão preciosas pelo próprio autor é sublime. Isso se reflete na postura do público: por mais clichê que possa parecer, homens, mulheres, adolescentes, jovens, adultos, idosos, crianças, e até uma freira (Isso mesmo! Eu vi!) contemplam o talento de um artista revolucionário!

Por mais distintas que fossem as pessoas, elas se juntam para cantar os versos de “Eleanor Rigby”, “Let It Be”, “Yesterday” e “Hey Jude” - esta última, em especial, reserva o momento ápice do show. Qualquer um consegue cantar o contagiante, repetitivo e incansável “ná ná ná” que encerra a canção. E Paul se aproveita disso para levar o estádio inteiro a celebrar aquela melodia simples, porém magnífica.

Para onde olho, vejo exaltação. E se fecho os olhos para apenas ouvir as vozes, o sentimento é de que todos se juntam naquela sinfonia para se permitir o mesmo prazer: balbuciar o nada, apenas saboreando o som que invade os ouvidos. A harmonia parece conduzir a um instante de conciliação no qual o mundo inteiro se une para cantar - inclusive as vendedoras de capa de chuva, que mal sabem quem é o beatle. Sim, lembro das coitadas naquela hora e penso em uma frase que substituiria este texto inteiro: todo ser humano deveria se permitir a emoção de ver Paul McCartney ao vivo. E basta.


Minha esposa e eu (à direita na foto) com amigos no show

Resultado de Enquete - Você tem qual expectativa sobre o governo Dilma?

A enquete referente ao texto anterior sobre a eleição de Dilma Rousseff teve o seguinte resultado:

Normal, nada de mais - 51%
Positiva, mas com ressalvas - 32%
Muito confiante - 16%
Ruim - 0%

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A terceira mulher no comando do Brasil

A presidente eleita Dilma Rousseff (Agência Brasil)


“...Não foram poucas as vezes que, deitado na cama, olhando para o teto, eu perguntava para a dona Marisa: ‘Será que é verdade que nós ganhamos?’ Eu, às vezes, quase que me belisco; eu, às vezes, tenho a impressão de que este dedo meu caiu de tanto eu beliscar para saber se era verdade, se eu tinha, de verdade, sido eleito presidente da República deste país (...) E eu pensava: se eu fracassar na Presidência da República, se eu fracassar, nunca mais um trabalhador vai ter o direito de dizer que quer ser presidente da República, porque vão mostrar sempre que ele é incompetente, vão mostrar sempre que ser presidente da República é cargo para gente refinada, é cargo para fazendeiro, grande empresário, grandes advogados, grandes professores. Trabalhador, nunca. Então, eu tinha consciência da obrigação de acertar. Eu tinha a obrigação. E eu tinha comigo o acúmulo de 91 mil quilômetros percorridos com a Caravana da Cidadania, de ônibus, de trem, de carro e de barco.”

O texto acima faz parte do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 20 de agosto, na inauguração do campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos, evento que tive a oportunidade de cobrir pelo jornal que trabalho. Verdade ou não, a fala de Lula revela uma possível consciência dele da representatividade de sua eleição, levando-se em conta sua origem: nordestino, pobre e operário.

Vivemos a recente eleição de Dilma Rousseff para o mesmo cargo de Lula. A propósito, sua candidatura teve entrega de corpo e alma do presidente durante a campanha, para que fizesse do seu sucessor alguém de sua confiança. Para muitos, uma participação exagerada do chefe da nação que demonstrou mais uma vez ser movido mais pela paixão partidária do que pela isenção democrática.

A chegada da ex-guerrilheira e economista Dilma Rousseff ao posto de primeira mulher presidente do Brasil pode derrubar sobre seus ombros um fardo semelhante ao descrito por Lula no texto acima: como se portará alguém do sexo feminino no cargo mais importante do país?

Este questionamento deveria ser totalmente dispensável, assim como aquele de colocar em xeque a capacidade de um trabalhador na presidência, apenas por sua origem. Mas um país dominado pela elite tinha (ou ainda tem?) mesmo este preconceito. Quantos gostam de argumentar a “falta de estudo” de Lula? “Como pode um presidente nem ter faculdade?” – é fácil de ouvir por aí.

Nossa nação também é machista, admitamos. Eles ganham mais que elas, ainda que nos mesmos cargos. Eles ocupam melhores posições no mercado de trabalho. A seleção brasileira de futebol masculino é chamada de “principal”, enquanto aquela formada por mulheres é apenas seleção brasileira de futebol feminino. E quantas piadas você já ouviu sobre a mulher no volante? “Tinha que ser...” é das lamentações mais proferidas no trânsito.

Entretanto duas mulheres já estiveram no comando do nosso país. A primeira delas foi a Princesa Isabel. Herdeira do pai, o imperador Dom Pedro II, ela foi chefe de estado e ficou conhecida como Redentora por ter abolido a escravidão ao assinar a Lei Áurea. Outra mulher que comandou o Brasil foi a ex-ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello. Embora o presidente fosse Fernando Collor de Mello, ela comandava a economia do país, enquanto Collor fazia cooper. E foi um desastre. Principalmente por ter confiscado as cadernetas de poupança.

Pois bem, por ironia do destino nosso país machista terá uma mulher para dirigí-lo de 2011 a 2014. A capacidade gerencial de Dilma Rousseff foi altamente elogiada por seus aliados durante a campanha. Perfeccionismo, retidão, busca por excelência foram outros atributos que tentaram relacionar à nova presidente, ainda que uma grande amiga sua (Erenice Guerra, ex-ministra-chefe da Casa Civil) tenha se envolvido num escândalo. Seu semblante sisudo e a cara amarrada denunciam uma pessoa exigente, é verdade. Só seu viu seu sorriso fora da campanha eleitoral em uma entrevista que concedeu depois das eleições. Antes, nem nas fotos de criança. As imagens revelam uma garotinha séria, olhar carregado. Um país colorido, carnavalesco e brincalhão terá uma presidente com características completamente contrárias. Parece estranho.

Quero ressaltar, mais que o fato de uma mulher estar na presidência, a chegada lá de alguém que foi vítima da ditadura. Se fosse José Serra o eleito, também teríamos este acontecimento. É de grande representatividade que alguém que deu sua liberdade a favor da democracia (o tucano também o fez) tenha sido alçada a este posto justamente de forma democrática. O falado sofrimento de Dilma nos porões da repressão pode resultar numa gestão voltada a corrigir as injustiças, inclusive as sociais. É para isso que torço.

Não é possível medir se a ampla aprovação popular do presidente Lula realmente vai garantir que outros “operários” possam almejar a presidência da República sem desconfianças por parte dos mais instruídos. Da mesma forma, ainda que tenha desempenho exemplar à frente da nação, o governo Dilma não será o aval para que as mulheres queiram voltar isentas da crítica dos machistas a este cargo que ela, ainda, sequer assumiu. A qualquer erro seu, será dita aquela frase “tinha que ser...”. Infelizmente, as barreiras que operários e mulheres enfrentam na sociedade continuam a se levantar diariamente diante deles. Mas Lula e Dilma, se não derrubarem os paradigmas retrógrados dos elitistas e machistas, ao menos abalaram suas bases.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Responsabilidade não é covardia




Considerações iniciais: este não é um texto sobre política, eleições, sequer sobre aborto. Mas se faz necessário que eu me posicione de antemão. Não sou do PT, não voto na Dilma (nem no Serra) e sou radicalmente contra todas as formas de aborto, por quaisquer motivos. Além disso, sou católico desde o berço. Feito isso, prossigo.

No último 5 de outubro, o Pe. José Augusto da TV Canção Nova celebrou uma missa ao vivo no canal e, durante a homilia, fez um discurso literal contra a candidata à Presidência da República Dilma Roussef (PT). Ele alegou que o partido tem em seu programa de governo claras intenções em favor da descriminalização do aborto, o que é verdade. Também criticou e se mostrou intimidado com resoluções do PNDH-3, assinado pelo Governo Federal do PT, nas quais seria permitido apenas 1 hora de programação religiosa na TV, o que obviamente prejudicaria a emissora da qual faz parte.

Curioso que o padre começa sua homilia (que complementa a liturgia da Palavra, e deveria contemplar este assunto) dizendo que tem recebido “muitos e-mails”. Em seguida, ele diz que os rumos do Brasil podem mudar para pior, caso o PT vença o segundo turno, pelos motivos que já citei acima.

Enquanto política comunicacional e veículo de mídia, é preciso que as TVs católicas, especialmente a Canção Nova, busquem mais responsabilidade. Se a Missa já é um canal de comunicação da Igreja com seu povo, ainda que não seja transmitida por algum meio, quanto mais será numa emissora de televisão. A palavra é equilíbrio. E o padre José Augusto foi irresponsável e desequilibrado.

Presumo (e espero) que antes de uma homilia ele a prepare, estude e reflita. Caso o faça, nesta em especial, faltou a ele o cuidado de pesquisar também sobre o outro lado. Quando ministro da saúde em 1998, o candidato José Serra (PSDB) normatizou a realização de abortos em casos previstos por lei (risco de vida para a gestante ou gravidez proveniente de violência sexual). Não fez a lei, mas deu à ela respaldo político e técnico, permitindo que os hospitais fizessem o procedimento. (vide Blog do jornalista Ricardo Noblat e o vídeo acima do falecido Padre Léo, na mesma Canção Nova).

Bastava ao padre, uma rápida pesquisa no Google para descobrir. Mas a falta de habilidade de alguns religiosos com os princípios da comunicação o motivou a tomar um lado nas eleições. Algo que a Igreja, enquanto instituição, jamais faria. E espero que seja este o real motivo do padre, porque algumas visitas de José Serra à Canção Nova credenciam qualquer um a pensar em outras intenções. O padre ainda disse: “Estou falando o que Deus conversou comigo antes da missa”. Um e-mail agora virou “conversa com Deus”? Vou mandar um e-mail ao padre, dizendo que todos devem depositar R$ 1 na minha conta bancária. Vai que ele pensa que é a “voz de Deus” e fala na TV. Uma pessoa me falou: "o padre não foi covarde igual a muitos". Responsabilidade não é covardia. Não defendo que o padre ficasse calado. Apenas acho que ele precisaria falar TAMBÉM sobre o outro lado da moeda.

Quando uma TV de orientação católica se pronuncia à sociedade, precisa ter cuidado, pois nem todos podem compreender que aquilo não é a posição da Igreja. Na hipótese de alegar que a Igreja é contra o aborto para justificar o discurso, o Pe. José Augusto, por estar num veículo de comunicação de concessão pública, tinha o dever de ser justo, democrático e citar os dois candidatos, já que ambos têm histórico de episódios nos quais se posicionaram a favor do aborto. Caso contrário, quem fica à mercê da opinião pública é a Igreja em si. E se o padre não tiver cautela com suas informações, a Igreja é penalizada pela sociedade.

Certa vez, um outro padre desta mesma TV, propagou um e-mail que havia recebido, dizendo que o Bispo Sérgio Von Helder da Igreja Universal do Reino de Deus, que chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no dia 12 de outubro na TV Record, havia se “convertido” e se tornado devoto da Padroeira do Brasil após ter a perna amputada. O que não era verdade. À época, o programa do Ratinho no SBT desmentiu o fato e trouxe o Bispo (com as duas pernas), o que ridicularizou o discurso feito por um padre em plena homilia. Culpa do Ratinho ou falta de bom senso do padre? Por essa razão, defendo que os comunicadores das TVs católicas procurem se aperfeiçoar em assuntos como comunicação de massa.

Embora não seja um simpatizante dele, devo admitir a sabedoria do Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova que mantém a TV. Em nota oficial, ele se desculpou pelos abusos e recomendou: “peço a cada um, oração e silêncio”. Amém, monsenhor. Amém.

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Indico:

Entrem no blog deste cientista político católico e leiam o texto "Abordagem surpreendente". Ele sim fala sobre política, e da forma mais equilibrada possível.

Resultado de Enquete - Quem é o mais culpado pelo déficit habitacional no Brasil?

A enquete referente ao texto anterior sobre problemas de habitação teve o seguinte resultado:

Poder Público - 82%

Os próprios moradores de áreas ilegais - 59%

Mercado de Construção Civil - 19%

Mercado Imobiliário 0%

sábado, 17 de julho de 2010

Resultado Enquete - Postura de Políticos

A enquete referente ao texto anterior sobre o recesso branco e cobrar políticos sobre suas posturas teve o seguinte resultado:

Você já cobrou postura a algum político?

Tenho vontade, mas não tive oportunidade - 75%
Não - 25%
Sim - 0%

Aquela antiga frase do Pelé...



Dia desses fui cobrir a reintegração de posse dos prédios do Condomínio Ilhas do Sul, no Central Parque, que foram ocupados por diversas famílias buscando finalmente um lugar para morar.

Cumprindo ordens da Justiça, um grande aparato foi preparado para a reintegração, reunindo policiais, bombeiros (para casos de emergência), assistentes sociais, advogados, membros de comissões de direitos humanos, e é claro, a imprensa.

Enquanto jornalista, a busca incessante (e quase sempre utópica) pela imparcialidade não me permitem comentar o que vi. Portanto vai falar o “lado pai”.

Uma baita chuva acompanhada de vento frio formou o cenário. Sem pavimentação alguma, os arredores dos prédios viraram um lamaçal, dando um tom ainda mais dramático. Os caminhões encarregados das mudanças atolavam e espalhavam lama por todo o lado. Depois de uma conversa com assistentes sociais, as famílias empacotavam seus pertences e os transportavam debaixo de chuva.

Não tomo partido das famílias que, embora possam ter sido enganadas, em sua maioria tinha ciência da situação do local e da instabilidade de se morar ali.

Entretanto, minhas atenções se voltam para o estado de desolação das crianças. Pouco importa se houve erro de seus pais ou insensibilidade institucional da Justiça. Para elas, era momento de tristeza acordar numa manhã fria, como se fosse uma outra qualquer, e ver policiais rondando seu lar.

Um colega repórter de uma rádio local, mesmo agasalhado, tremia muito e me confidenciou ter perdido a sensibilidade dos dedos por causa do frio. Mães carregavam seus filhos já na parte exterior dos edifícios, enquanto os homens retiravam a mudança. Algumas dessas crianças com a mesma idade da minha filha.

Num cenário cinzento, gelado, molhado e sujo (por causa da lama), essas crianças tiveram sua rotina alterada bruscamente. E bem sabemos o quanto a rotina é importante. Um dia que ficará marcado negativamente para elas. Há mais de 40 anos, no discurso após fazer seu milésimo gol, Pelé disse: “Pensem nas criancinhas!”. Sei que os pais que levam seus filhos para morar em locais irregulares, o fazem por falta de opção. Mas às vezes é preciso insistir na procura por alternativas. Digo a eles, à Justiça e ao Poder Público: pensem nas criancinhas. Agora, com licença. Vou pensar na minha.





quinta-feira, 1 de julho de 2010

Não trabalha, mas ganha!



No blog que criei para reunir os textos desta coluna (www.pensamentosdojota.blogspot.com) alguns leitores já se manifestaram contra a abordagem de temas polêmicos, sob a alegação de estar dando destaque para quem não merece. Mas, encaro o tema deste texto como uma denúncia importante para conscientização.

Às vezes você se ausenta do trabalho? Se sim, provavelmente não é remunerado pelos dias nos quais não trabalha, certo? Não tão certo assim, se você for deputado ou senador. E pior, exercendo um desses cargos, você nem precisa tirar férias para deixar de trabalhar e mesmo assim continuar recebendo.

Entre os meses de julho e outubro, senadores e deputados federais que forem disputar um cargo eletivo ou apoiar algum candidato quase não vão sequer ver a cor do Congresso por conta das campanhas eleitorais, e pasmem, continuam recebendo normalmente salários e benefícios. Este período recebe o nome de “recesso branco”, quando não há votações em plenário ou nas comissões. A presença não é obrigatória e, portanto evita descontos nos rendimentos dos parlamentares.

Para não ficar muito feio, inventaram algo chamado de “esforço concentrado” que dura uma semana em agosto e outra em setembro. Parece que em anos anteriores, esses dias não fizeram diferença nenhuma, já que deputados e senadores, mesmo tendo que trabalhar, estão mais interessados nas eleições, fazendo com que alguns deles sequer retornem à Brasília. Votações durante esse período? Nenhuma. Os gastos dos parlamentares em ano eleitoral são exatamente os mesmos de outros anos, mesmo que eles não compareçam ao plenário durante 4 meses.

É certo que vários destes senadores e deputados não foram criadores dessa determinação de poder não trabalhar, mas receber. Entretanto seria uma questão de moral lutar para mudar isso (eles têm o poder) ou, no mínimo, devolver a grana aos cofres públicos. Como cidadão, já mandei minha solicitação a alguns dos parlamentares através dos e-mails disponíveis nos sites www.senado.gov.br e www.camara.gov.br. Que tal fazer sua parte também? Cidadania não é só apertar botõezinhos no dia das eleições. E coragem faz parte de uma sociedade mais politizada e consciente. Junte-se a mim!

Resultado Enquete "Favelas x Astros"

A enquete referente ao texto anterior sobre as visitas de astros internacionais em favelas teve o seguinte resultado:

As favelas ganham ou perdem com visitas de astros internacionais?
Perdem - 58%
Depende do astro - 41%
Ganham - 1%

terça-feira, 20 de abril de 2010

Humanitários, oportunistas, ou as duas opções?




Que encanto têm as favelas cariocas? Por que o mundo fica tão fascinado com um lugar onde a criminalidade e a luta para se viver honestamente caminham de forma paralela?


Em 1996, o maior expoente da música pop mundial, Michael Jackson visitou o morro Dona Marta, local que escolheu para parte das gravações do videoclipe de “They don’t care about us” (Eles não ligam para nós). O diretor do clipe, Spike Lee, inclusive admite ter pagado para os traficantes garantirem a segurança do cantor, alegando que a polícia carioca não conseguiria cumprir essa missão.


Em 2002, o filme “Cidade de Deus” retratou outra favela carioca e divulgou ao planeta uma realidade cruel do poder que o tráfico de entorpecentes detém sobre os moradores. A produção foi muito bem recebida, inclusive com 4 indicações ao Oscar de 2004.

Recentemente, assim como Michael, Madonna também esteve no Dona Marta. Mas, a visita da rainha do pop tinha um intuito mais humano: ampliação de projetos sociais. Já em 2010, dois novos nomes da música internacional se juntaram para outro clipe nas favelas do Rio de Janeiro: Beyoncé e Alicia Keys gravaram juntas o vídeo da música “Put it in a love song” (Ponha isso numa canção de amor).

A visita de Madonna e o filme “Cidade de Deus” são boas iniciativas para o bem das favelas. A música e o clipe de Michael Jackson também tinham um viés social. Trechos da letra dizem “Tudo que eu quero dizer é que eles não ligam para nós... Sou vítima da violência da polícia. Cansei de ser vítima do ódio...”. O vídeo correu o mundo, e a comunidade hoje é protegida pela polícia, onde não há mais pontos de tráfico.

Só me parece dispensável a visita rebolativa de Beyoncé e Alicia Keys para cantar inutilidades como “Diga que me ama, diga que me ama. Depois coloque isso numa canção de amor” ou então “Se você realmente precisa de mim como diz, é melhor me mostrar, é melhor vir e dizer”.

Qual a relação dessa letra com as favelas cariocas? De forma oportunista, a sensação é de que apenas escolheram um cenário “feio” para contrastar com suas “belezas”. As duas representam uma arte pasteurizada e homogênea, sem criatividade e emoção, que apela muito mais para seus atributos físicos, do que pelo talento musical. Para definir esta arte, o jornalista Jamari França brilhantemente citou Nélson Rodrigues: “tem a profundidade que uma formiguinha atravessa com água pelas canelas”.

Resultado Enquete "Reality Shows"

A enquete referente ao texto anterior, sobre Reality Shows, teve o seguinte resultado:


Qual o Melhor Reality Show da TV Brasileira?
BBB - 57%

Solitários - 28%
O Aprendiz - 28%

No Limite - 14%

A Fazenda - 14%

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Reality Shows

Agora vou começar a colocar enquetes (do lado direito da página) sobre os temas dos textos. Acho que isso pode ser interessante para o blog. Aproveite e responda à enquete sobre reality shows!!! Desta vez, é possível selecionar mais de uma opção.

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A enquete referente ao texto anterior, sobre a Geisy Arruda, teve o seguinte resultado:
Geisy Arruda estava vestida adequadamente para ir à Faculdade?
Não - 64%
Poderia ser melhor - 54%
Sim - 9%

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Esse texto foi publicado nas primeiras edições de 2010 do Jornal Bairro em Foco. Confira!
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Formatos diferentes. A mesma fixação: comportamento alheio.

Começo de ano, férias de funcionários, e as emissoras de TV lotam suas programações com “reality shows”. Atrações que pretendem chamar a atenção explorando o comportamento real de indivíduos frente aos mais diferentes desafios, sempre em busca de algum prêmio em dinheiro.

O mais bem sucedido programa do gênero, obviamente é o Big Brother Brasil, em sua décima versão na Rede Globo. Todos já sabem que os participantes ficam durante meses numa casa, votam uns nos outros para o “paredão”, onde o público elege semanalmente quem deve sair do jogo. Quem permanecer mais tempo leva um prêmio milionário.

As armações, intrigas, amizades e romances são apenas ingredientes do que se dedica a ser uma espécie de novela da vida real. E como o brasileiro tem o hábito de futricar a vida alheia, o formato da atração tem feito sucesso todos os anos. Sem contar o apelo sexual de participantes, em sua maioria, saídos de catálogos de agências de modelos. O que causa dúvida é a possível manipulação da opinião popular, já que a imensa maioria das pessoas (por motivos óbvios) não acompanha o programa 24h por dia. Fica a cargo de um resumo diário, editado pela própria emissora, a missão de transmitir a suposta realidade do jogo. Com isso, alguns participantes se tornam heróis e outros, de maneira inversamente proporcional, vilões. E bem sabemos que uma vez editadas, as imagens podem nos levar a conclusões equivocadas.

Em contrapartida, com menos glamour, porém bem mais intrigante, o SBT apresenta “Solitários”. No programa, 9 pessoas tem de ficar 20 dias confinados em uma pequena cabine, sem contato com o mundo externo e sequer uns com os outros. Eles passam por provas que vão testar suas habilidades e dificuldades individuais, os elevando até o limite das forças física e mental. Da mesma forma que o BBB, neste jogo o último a sair também é o vencedor. Contudo, leva para a casa um prêmio pequeno se comparado à recompensa da atração global: R$ 50mil.

Se um “reality show” se propõe a ser uma espécie de laboratório de observação do comportamento humano, os testes de “Solitários” me parecem muito mais interessantes do que as já manjadas táticas dos BBB’s. Está certo que a edição de imagens do SBT também pode mudar o que deveria ser real. Mas é melhor ser mero espectador de um jogo empolgante, do que ter a falsa sensação de interatividade do Big Brother, e me sentir manipulado pelas edições de imagens. No que depender de mim, nessa briga o BBB fica cada dia mais sozinho, enquanto faço companhia aos solitários do SBT.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Celebridade instantânea inútil é a herança


Geisy, o vestido e a inutilidade de sua fama




Vira e mexe algumas novas notícias sobre essa moça surgem de novo na mídia. Recentemente a vi procurando namorado na TV. Segue então o texto que fiz para o Jornal Bairro em Foco à época da polêmica do vestido na universidade.

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Todo mundo já sabe que a estudante Geisy Arruda foi enxotada e quase linchada na Uniban de São Bernardo do Campo, por estar usando um vestido curto e chamando a atenção de todos. Quando me informei da notícia, confesso não sabia bem o que pensar. A princípio não entendi o motivo de tanto destaque do caso na mídia. Com o tempo fui percebendo melhor o sentido do acontecimento e formando minha opinião.

É óbvio que foi exagerada a atitude dos alunos que se manifestaram contra a moça. Mas os veículos de imprensa trataram o assunto através de um prisma que transformou a moça do vestido rosa-choque em heroína nacional. Estaria ela se tornando um ícone da independência feminina, quebrando todos os padrões de comportamento em nome da beleza? Geisy seria uma mártir para que outras mulheres possam mostrar seus corpos?

Acho mesmo que estamos todos fartos de falta de respeito. E alguns lugares requerem a devida vestimenta. Ninguém vai ao tribunal de shorts, chinelos, camisa regata e óculos de sol. Tampouco vai à praia vestido de gala. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a Universidade é um local de formação de profissionais, pesquisa e cultivo do saber. Portanto, ir à universidade requer também estar vestido adequadamente. Se for a uma boate depois, leve outra roupa e troque.

Alguns vão dizer: “Que moralismo! É conservador demais!”. Pois é preciso ser conservador para que não se extrapolem os limites. É necessário prezar pela ética e o respeito no ambiente universitário. Ela não deveria usar aquela roupa, pois estava se diferenciando dos demais alunos que seguem uma linha de se vestir para serem respeitados. Muito embora a realidade seja absolutamente contrária, a universidade não deveria ser encarada como passarela de moda ou ponto de paquera. Os selecionadores de pessoal solicitam que o candidato tenha “boa aparência” para conseguir um emprego, e isso não é preconceito ou discriminação. É apenas a exigência de que o profissional não se vista de forma bizarra, o que mancharia a imagem daquela empresa.

Portanto, a melhor lição que deveria ficar desta história, é ao sair de casa para uma festa ou um trabalho, pensar não somente na roupa mais adequada, mas também nos gestos, no vocabulário e no comportamento condizente àquele momento. Mas infelizmente, me parece que a única herança deste episódio é apenas a Geisy, mais uma celebridade instantânea inútil, prato cheio para as imbecilidades dos sites e programas de fofoca.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Minha filha e as agulhas



Agora já mais velha, precisei levar minha filha para tomar soro no hospital. E me lembrei do texto de estreia da coluna "Pensamentos do Jota" no Jornal Bairro em Foco, que aconteceu em agosto de 2009. Segue o texto!

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Respira fundo... três, dois, um! Ufa, vamos lá. É a estreia desta coluna, na qual, segundo meu editor, vou ter liberdade para escrever o que penso e sobre o que eu quiser. Fiquei lisonjeado por essa confiança dele em mim. Obrigado, Marcos! E já que é uma estreia, vou falar de outra estreia (bem pessoal) minha: a paternidade.

Na segunda quinzena de abril nasceu a minha primeira filha. O “pai-fotógrafo” aqui aguentou bem assistir o parto. Talvez tenha sido a frieza jornalística que me motivou mais a registrar o momento do que lembrar se tinha sangue. É teste de sei lá o que, tubinho que entra, limpezas, leva o bebê para cá e para lá, vacina... Opa! É das benditas agulhas que furam a minha filha que vou falar.

Dia desses, agora já crescidinha, a levamos para uma consulta de rotina e o pediatra pediu que fizéssemos dois exames preventivos: urina e sangue. O primeiro foi até bem. Agora, o segundo, meu amigo! Quem é pai sabe do que estou falando. E não é papo de “tiozão”, pois ainda nem cheguei aos trinta anos. E se você é mãe, não vale. Elas são mais fortes, como foi minha esposa.

Chegamos ao laboratório, a esposa explicando o que deveria ser feito, enquanto eu carregava minha pequena. Antes tão contente, naquele momento parecia prever o que havia de vir. Vi nosso reflexo no espelho e ela estava com olhar triste, coitadinha.

“Traga ela aqui”, disse a enfermeira. Com todo o medo que tenho de agulha, somado à dor no coração, coloquei o bebê na maca. Minha esposa ao lado. Quando a moça arregaçou as mangas da roupinha, a criança começou a chorar e quase fui junto. Na hora de amarrar aquela borrachinha no braço dela, saí da sala, antes que batesse na enfermeira. Imagina se presenciasse a picada! Só ouvi o pranto cada vez mais intenso e aquilo quase me mata. A tecnologia deveria inventar algo para não precisar arrancar o sangue nos exames. Raio-x, raio laser ou o raio-que-o-parta, desde que não fure!

É complicado pensar que vou ter que permitir que minha filha tenha alguns sofrimentos para um bem maior. Antes de ser pai, se alguém me contasse isso, diria que é superproteção. Na realidade é mesmo. Mas agora sei que superproteção tem uma justificativa: amor. De qualquer forma, pelo menos na teoria, já sei que não vou poder protegê-la de tudo. Mas que vai doer em mim duas vezes mais do que nela, isso vai.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Como isso foi acontecer?


Vereador Ruby (PMN) Sorocaba
Foto: Jota Abreu


Sabe aquela situação em que você se pergunta “Como isso foi acontecer?”. É o que acontece comigo quando penso na eleição do vereador Ruby (PMN) em Sorocaba.

Seu nome verdadeiro é Emílio Souza de Oliveira. Líder comunitário na zona norte há mais de vinte anos, ainda cantou em uma dupla sertaneja (Diamante & Ruby). Nas últimas eleições, 3.377 pessoas o elegeram para a Câmara. Como isso foi acontecer?

A primeira pataquada, logo no começo do mandato, foi uma acusação de ter tomado à força, eletrodomésticos de uma família, como forma de pagamento pelos danos que o filho (com problemas mentais) teria causado durante uma festa. Ruby ainda foi acusado de oferecer bebida alcoólica para o rapaz que toma remédios de uso controlado. Já dá pra se perguntar “como isso foi acontecer?”.

Quando morreu o deputado Clodovil Hernandes, Ruby foi motivo de piada nacional por assinar o livro de condolências como “Veador de Sorocaba”, esquecendo uma sílaba da palavra vereador. O irreverente colunista José Simão da Folha de S. Paulo não perdoou.

“Vossa excelência” ainda é suspeito de usar a estrutura da Câmara para promover um rodeio (agora proibido por lei na cidade) em seu reduto eleitoral. Ele teria feito reuniões e telefonemas no gabinete para definir detalhes do evento, além de não pagar a empresa de propaganda contratada para a divulgação. Pouco tempo depois, um ex-assessor foi preso por tráfico de drogas.

Mas a “melhor” de todas foi a detenção do político por dirigir embriagado, transitar acima da velocidade máxima permitida, ultrapassar sinal vermelho e praticar racha. Boatos dão conta de que, ao ser abordado pelos policiais, Ruby foi arrogante. “Sou um vereador e não posso ser preso”, teria dito. A imprensa nacional noticiou que ele foi parar na delegacia e teve a CNH suspensa.

Recentemente, conseguiu seu documento de volta. Chamou a imprensa ao retirá-lo no Ciretran e mais uma vez foi pedante ao sair orgulhoso mostrando sua “vitória”. Não bastasse ter ido resolver problema pessoal com o carro da Câmara e sair dirigindo sem o uso do cinto de segurança, no dia seguinte, para sua decepção, Ruby mais uma vez perdeu o direito de dirigir.

Tudo bem que ele vem de origem humilde, trabalhou muito e ajudou algumas pessoas. Mas, além de seu trabalho na Câmara ser discreto até demais, o vereador não pode se permitir equívocos como esses. E seu o eleitor também deve se sentir equivocado. Pois eu não paro de me perguntar: meu Deus, como isso foi acontecer?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Usados e descartados




Quem se lembra do “Seu Creysson”, personagem do ator Cláudio Manoel do Casseta & Planeta da TV Globo? Ele tinha como característica principal falar 90% das palavras com algum erro. Na época, seus bordões se espalharam na boca do povo e todo mundo entrou na brincadeira.

Bem no auge do sucesso, o programa parou de mostrar o “Seu Creysson” e foi apostar em outros quadros. Uma estratégia de mídia para evitar que o público enjoe de um personagem. Depois de um tempo na “geladeira” o simpático homem das palavras erradas voltou a aparecer no humorístico.

Isso não aconteceu com o E.T. da dupla “E.T. e Rodolfo” que figurou com sucesso durante bastante tempo nos programas do Ratinho e do Gugu, no SBT. A diferença é que não era um ator fazendo um tipo. Era ele mesmo e seus defeitos físicos sendo explorados para chamar atenção de cada vez mais telespectadores. Da mesma forma, o E.T. levou seus bordões para todo o país, até o momento que suas “piadas” se saturaram e seu rosto já famoso, não causava mais tanta estranheza. A mídia o abandonou.

Outro exemplo são os “BBB’s”, como são chamados os integrantes do Big Brother Brasil, da TV Globo. Passado um tempo de sua participação no reality show, alguns deles retornam para o ostracismo, e conforme algumas histórias já comprovadas, muitos voltam para situações financeiras complicadas.

Infelizmente esse deve ser o destino de Marcos da Silva Heredita, o Zina do Programa “Pânico na TV”, da Rede TV. Ele era guardador de carros e explodiu na mídia ao ser motivo de chacota pelo seu jeito de falar em uma entrevista na qual ele proferiu o seu bordão: “Ronaldo, brilha muito no Corinthians”. Até o leitor mais inocente poderia notar sinais de comportamento alterado. E recentemente Zina foi preso em São Paulo portando cocaína.

Acho lamentável a exploração de personagens que na realidade não tem nada de fictícios. Cláudio Manoel teve sobrevida depois do “Seu Creysson” e por seu talento como ator, interpretou outros tipos na TV. O que dificilmente se repetirá com Zina quando as pessoas enjoarem dele. Enquanto isso não acontece, a mídia o trata como uma aberração, expondo seus defeitos e fazendo um falso assistencialismo, tudo isso para ganhar cada vez mais audiência e dinheiro. Até que surja outro.