quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Como isso foi acontecer?


Vereador Ruby (PMN) Sorocaba
Foto: Jota Abreu


Sabe aquela situação em que você se pergunta “Como isso foi acontecer?”. É o que acontece comigo quando penso na eleição do vereador Ruby (PMN) em Sorocaba.

Seu nome verdadeiro é Emílio Souza de Oliveira. Líder comunitário na zona norte há mais de vinte anos, ainda cantou em uma dupla sertaneja (Diamante & Ruby). Nas últimas eleições, 3.377 pessoas o elegeram para a Câmara. Como isso foi acontecer?

A primeira pataquada, logo no começo do mandato, foi uma acusação de ter tomado à força, eletrodomésticos de uma família, como forma de pagamento pelos danos que o filho (com problemas mentais) teria causado durante uma festa. Ruby ainda foi acusado de oferecer bebida alcoólica para o rapaz que toma remédios de uso controlado. Já dá pra se perguntar “como isso foi acontecer?”.

Quando morreu o deputado Clodovil Hernandes, Ruby foi motivo de piada nacional por assinar o livro de condolências como “Veador de Sorocaba”, esquecendo uma sílaba da palavra vereador. O irreverente colunista José Simão da Folha de S. Paulo não perdoou.

“Vossa excelência” ainda é suspeito de usar a estrutura da Câmara para promover um rodeio (agora proibido por lei na cidade) em seu reduto eleitoral. Ele teria feito reuniões e telefonemas no gabinete para definir detalhes do evento, além de não pagar a empresa de propaganda contratada para a divulgação. Pouco tempo depois, um ex-assessor foi preso por tráfico de drogas.

Mas a “melhor” de todas foi a detenção do político por dirigir embriagado, transitar acima da velocidade máxima permitida, ultrapassar sinal vermelho e praticar racha. Boatos dão conta de que, ao ser abordado pelos policiais, Ruby foi arrogante. “Sou um vereador e não posso ser preso”, teria dito. A imprensa nacional noticiou que ele foi parar na delegacia e teve a CNH suspensa.

Recentemente, conseguiu seu documento de volta. Chamou a imprensa ao retirá-lo no Ciretran e mais uma vez foi pedante ao sair orgulhoso mostrando sua “vitória”. Não bastasse ter ido resolver problema pessoal com o carro da Câmara e sair dirigindo sem o uso do cinto de segurança, no dia seguinte, para sua decepção, Ruby mais uma vez perdeu o direito de dirigir.

Tudo bem que ele vem de origem humilde, trabalhou muito e ajudou algumas pessoas. Mas, além de seu trabalho na Câmara ser discreto até demais, o vereador não pode se permitir equívocos como esses. E seu o eleitor também deve se sentir equivocado. Pois eu não paro de me perguntar: meu Deus, como isso foi acontecer?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Usados e descartados




Quem se lembra do “Seu Creysson”, personagem do ator Cláudio Manoel do Casseta & Planeta da TV Globo? Ele tinha como característica principal falar 90% das palavras com algum erro. Na época, seus bordões se espalharam na boca do povo e todo mundo entrou na brincadeira.

Bem no auge do sucesso, o programa parou de mostrar o “Seu Creysson” e foi apostar em outros quadros. Uma estratégia de mídia para evitar que o público enjoe de um personagem. Depois de um tempo na “geladeira” o simpático homem das palavras erradas voltou a aparecer no humorístico.

Isso não aconteceu com o E.T. da dupla “E.T. e Rodolfo” que figurou com sucesso durante bastante tempo nos programas do Ratinho e do Gugu, no SBT. A diferença é que não era um ator fazendo um tipo. Era ele mesmo e seus defeitos físicos sendo explorados para chamar atenção de cada vez mais telespectadores. Da mesma forma, o E.T. levou seus bordões para todo o país, até o momento que suas “piadas” se saturaram e seu rosto já famoso, não causava mais tanta estranheza. A mídia o abandonou.

Outro exemplo são os “BBB’s”, como são chamados os integrantes do Big Brother Brasil, da TV Globo. Passado um tempo de sua participação no reality show, alguns deles retornam para o ostracismo, e conforme algumas histórias já comprovadas, muitos voltam para situações financeiras complicadas.

Infelizmente esse deve ser o destino de Marcos da Silva Heredita, o Zina do Programa “Pânico na TV”, da Rede TV. Ele era guardador de carros e explodiu na mídia ao ser motivo de chacota pelo seu jeito de falar em uma entrevista na qual ele proferiu o seu bordão: “Ronaldo, brilha muito no Corinthians”. Até o leitor mais inocente poderia notar sinais de comportamento alterado. E recentemente Zina foi preso em São Paulo portando cocaína.

Acho lamentável a exploração de personagens que na realidade não tem nada de fictícios. Cláudio Manoel teve sobrevida depois do “Seu Creysson” e por seu talento como ator, interpretou outros tipos na TV. O que dificilmente se repetirá com Zina quando as pessoas enjoarem dele. Enquanto isso não acontece, a mídia o trata como uma aberração, expondo seus defeitos e fazendo um falso assistencialismo, tudo isso para ganhar cada vez mais audiência e dinheiro. Até que surja outro.