quinta-feira, 4 de março de 2010

Minha filha e as agulhas



Agora já mais velha, precisei levar minha filha para tomar soro no hospital. E me lembrei do texto de estreia da coluna "Pensamentos do Jota" no Jornal Bairro em Foco, que aconteceu em agosto de 2009. Segue o texto!

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Respira fundo... três, dois, um! Ufa, vamos lá. É a estreia desta coluna, na qual, segundo meu editor, vou ter liberdade para escrever o que penso e sobre o que eu quiser. Fiquei lisonjeado por essa confiança dele em mim. Obrigado, Marcos! E já que é uma estreia, vou falar de outra estreia (bem pessoal) minha: a paternidade.

Na segunda quinzena de abril nasceu a minha primeira filha. O “pai-fotógrafo” aqui aguentou bem assistir o parto. Talvez tenha sido a frieza jornalística que me motivou mais a registrar o momento do que lembrar se tinha sangue. É teste de sei lá o que, tubinho que entra, limpezas, leva o bebê para cá e para lá, vacina... Opa! É das benditas agulhas que furam a minha filha que vou falar.

Dia desses, agora já crescidinha, a levamos para uma consulta de rotina e o pediatra pediu que fizéssemos dois exames preventivos: urina e sangue. O primeiro foi até bem. Agora, o segundo, meu amigo! Quem é pai sabe do que estou falando. E não é papo de “tiozão”, pois ainda nem cheguei aos trinta anos. E se você é mãe, não vale. Elas são mais fortes, como foi minha esposa.

Chegamos ao laboratório, a esposa explicando o que deveria ser feito, enquanto eu carregava minha pequena. Antes tão contente, naquele momento parecia prever o que havia de vir. Vi nosso reflexo no espelho e ela estava com olhar triste, coitadinha.

“Traga ela aqui”, disse a enfermeira. Com todo o medo que tenho de agulha, somado à dor no coração, coloquei o bebê na maca. Minha esposa ao lado. Quando a moça arregaçou as mangas da roupinha, a criança começou a chorar e quase fui junto. Na hora de amarrar aquela borrachinha no braço dela, saí da sala, antes que batesse na enfermeira. Imagina se presenciasse a picada! Só ouvi o pranto cada vez mais intenso e aquilo quase me mata. A tecnologia deveria inventar algo para não precisar arrancar o sangue nos exames. Raio-x, raio laser ou o raio-que-o-parta, desde que não fure!

É complicado pensar que vou ter que permitir que minha filha tenha alguns sofrimentos para um bem maior. Antes de ser pai, se alguém me contasse isso, diria que é superproteção. Na realidade é mesmo. Mas agora sei que superproteção tem uma justificativa: amor. De qualquer forma, pelo menos na teoria, já sei que não vou poder protegê-la de tudo. Mas que vai doer em mim duas vezes mais do que nela, isso vai.

3 comentários:

  1. Pois é Jota. Já passei por algumas coisas assim... mas até hoje o mais duro foi ver o meu filhote mais velho com o braço quebrado, e ficar lá junto com ele enquanto o medico colocava o osso no lugar, tudo sem anestesia e tal... ufa...
    Ser pai tbm é padecer. Mas vale a pena amigo... vale a pena.

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  2. Gosto muito desse texto! É um Jota diferente: marido, pai, responsável... Não que seja diferente, mas é uma graça esse seu lado PAI.
    Obrigada pelo carinho e pela força que tem me dado! Você mora no meu coração. Obrigada pela amizade sempre!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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